Uma crítica à verticalidade em Winnicott e Ferenczi

Helia Maria Oliveira da Costa Borges

Resumo


Este artigo evidencia a contemporaneidade de Winnicott e Ferenczi no cenário da psicanálise atual por se colocarem – através de seus textos teóricos e clínicos – fora da lógica de oposição à diferença, característica das relações exercidas pelo poder hegemônico. Esses autores evidenciam a importância do ambiente e da corporeidade na produção de subjetividades. Podemos apreender, através de seus textos, uma elaboração crítica aos modos de exercício de poder que se realizam nas sociedades de psicaná-  lise, ao reproduzirem modelos verticais que deem conta do sujeito. Nessa mesma direção, a identificação com o agressor, ideia formulada por Ferenczi, aborda com maestria o sofrimento psíquico do homem moderno enredado em práticas fascistas que, ao subjetivar-se pela violência, reproduz a lógica do colonizador de modo a sustentar o estado de coisas. Winnicott e Ferenczi ressaltam na clínica o campo dos afetos, das sensações confrontando a lógica do significante estruturado no modelo discursivo-interpretante da psicanálise.


Palavras-chave


Winnicott; Ferenczi; verticalidade.

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