Aquilombamento como modo de existência: diálogos entre Brasil e África

Bruna Jardim Saldanha de Azevedo, Márcio de Jagun

Resumo


O presente artigo visa discorrer sobre a noção de aquilombamento como modo de existência coletiva, observando a formação dos quilombos no contexto afro-brasileiro e sua função social, política e comunitária existente ainda na atualidade, presente através de instituições como os terreiros religiosos de matriz africana. A partir de tal análise, buscamos apresentar os terreiros como espaços de resistência e valorização étnico-cultural africana, especificamente por meio da utilização dos idiomas e métodos educacionais tradicionais, aqui representados pela chamada nagologia[1] iorubá.


[1] Nagologia: neologismo criado por Márcio de Jagun para definir a metodologia científica do povo ioruba para difundir e preservar seus saberes (JAGUN, 2021, p. 20-21).


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