Dispositivo grupal com mulheres

Camila dos Santos Leonardo, João Paulo Pereira Barros, Dagualberto Barboza da Silva, Érica Atem Gonçalves de Araújo Costa, Jéssica Silva Rodrigues

Resumo


Este artigo deriva de uma pesquisa cujo objetivo foi analisar estratégias metodológicas utilizadas em um dispositivo grupal junto a mulheres em um contexto periferizado. Optamos por uma abordagem qualitativa, especificamente a partir da perspectiva da Pesquisa-Intervenção orientada pelo método da cartografia. Para responder à questão “que condições e efeitos estiveram ligados às estratégias metodológicas utilizadas em um dispositivo grupal junto a mulheres da Comunidade Santa Filomena?”, elegemos como intercessores estudos da Psicologia Social sobre dispositivo grupal, apostando em diálogos transdisciplinares sobre violência, exclusão social, subjetivação e discussões interseccionais. Utilizamos como estratégias metodológicas rodas de conversa e oficinas junto ao dispositivo grupal. Esperamos que tal esforço investigativo sobre nossas experimentações em campo possa inspirar futuros trabalhos que, articulando pesquisa e extensão, tenham por intuito a maquinação de estratégias metodológicas com grupo de mulheres em territorialidades periféricas urbanas.


Palavras-chave


grupo de mulheres; pesquisa-intervenção; cartografia

Texto completo:

PDF

Referências


AGUIAR, K.; ROCHA, M. Micropolítica e o exercício da pesquisa-intervenção: referenciais e dispositivos em análise. Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 27, n. 4, p. 648-663, 2007.

AKOTIRENE, C. O que é interseccionalidade? Belo Horizonte: Letramento, 2018.

BARROS, J. P. P. Juventudes desimportantes: a produção psicossocial do “envolvido” como emblema de uma necropolítica no Brasil. In: COLAÇO, V.; GERMANO, I.; MIRANDA, L.; BARROS, J.P.P (Orgs). Juventudes em Movimento: experiências, redes e afetos. Fortaleza: Expressão Gráfica Editora, 2019.

BARROS, J. P. P. et al. Homicídios juvenis e os desafios à democracia brasileira: Implicações ético-políticas da psicologia. Psicologia Ciência e Profissão, v. 37, n. 4, p. 1051-1065, 2017.

BARROS, J. P. P.; PAIVA, L. F. S.; RODRIGUES, J. S.; SILVA, D. B.; LEONARDO, C. S. “Pacificação” nas periferias: Discursos sobre as violências e o cotidiano de juventudes em Fortaleza. Revista de Psicologia, 9(1), 117-128, 2018.

BARROS, J.P.P.; SILVA, D. B.; GOMES, CJA. Dispositivos grupais com jovens: rizomas em territorialidades periféricas. Pesquisar com as psicologias: artesanias e artifícios, v. 1, p. 205-226.

BARROS, R. D. B. Grupo e Produção. In: LANCETTI, A. (Org.), Saúde loucura 4: grupos e coletivos. São Paulo: Editora Hucitec, 1994, p. 145-154.

BARROS, R. D. B. Grupo a afirmação de um simulacro. Porto Alegre: Sulina/UFRG, 2007.

BENÍCIO et al., 2018. Necropolítica e Pesquisa-Intervenção sobre Homicídios de Adolescentes e Jovens em Fortaleza, CE. Psicologia: Ciência e Profissão. v. 38, n. esp. 2, p. 192-207, 2018.

BORGES, D.; CANO, I. Índice de homicídios na adolescência: IHA 2014. Rio de Janeiro, RJ: Observatório de Favelas, 2017.

BUTLER, J. Quadros de guerra: Quando a vida é passível de luto. Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira. 2015.

COMITÊ CEARENSE PELA PREVENÇÃO DE HOMICÍDIOS NA ADOLESCÊNCIA – CCPHA. CADA VIDA IMPORTA: Evidências e recomendações para prevenção de homicídios na adolescência. Fortaleza, CE: o autor. 2016.

COSTA, E. A. G. A.; MOURA JR., J. F.; BARROS, J. P. P. Pesquisar n(as) margens: especificidades da pesquisa em contextos periféricos. In: CERQUEIRA-SANTOS, E.; ARAÚJO, L. F. (Org.). Metodologias e Investigações no Campo da Exclusão Social. 1. ed. Teresina: EDUFPI, 2020. p. 13-31.

DAVIS, A. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.

DELEUZE, G. ¿Que és un dispositivo? In: DELEUZE, G. Michel Foucault, filósofo. Barcelona: Gedisa, 1990, p. 155-161.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

FOUCAULT, M. Soberania e Disciplina. In: MACHADO, R. (Org). Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.

HOOKS, B. Ain’t a woman? Black women and feminism. Tradução livre para a Plataforma Gueto. Janeiro 2014.

HOOKS, B. Intelectuais Negras. Revista Estudos Feministas, v. 3, n. 2, p. 454-478, 1995.

HUR, D. U. Movimentos Sociais Nômades. In: HUR, D. U. Psicologia, política e Esquizonálise. Campinas: Alínea, 2018. p. 167-184.

KASTRUP, V. Pista 2: o funcionamento da atenção no trabalho do cartógrafo. In: PASSOS, E.; KASTRUP, V.; ESCÓSSIA, L. Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2010.

KILOMBA, G. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2020.

MENEZES, J.; COLAÇO, V.; ADRIÃO, K. Implicações Políticas na Pesquisa-Intervenção com Jovens. Revista de Psicologia, Fortaleza, v. 9, n. 1, p. 8-17. 2018.

LEITE, I. L. da S. É meu direito de mãe: narrativas de mulheres integrantes do grupo de mães do sistema socioeducativo de Fortaleza. 2018. Dissertação (Mestrado em Sociologia). Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2018.

LIBERATO, M. T. C.; DIMENSTEIN, M. Arte, loucura e cidade: a invenção de novos possíveis. Psicologia & Sociedade, Belo Horizonte, v. 25, n. 2, p. 272-281, 2013.

PASSOS, E.; KASTRUP, V.; TEDESCO, S. Pistas do método da cartografia: a experiência da pesquisa e o plano comum. Porto Alegre: Sulina, 2014.

PASSOS, L. M.; CARVALHO, A. M. P. Medo e Insegurança nas Margens Urbanas: uma interpretação do “viver acuado” em territórios estigmatizados do Grande Bom Jardim. UECE. Fortaleza: O Público e o Privado, v. 26, n. 1, p. 233-259, 2015.

RANCIÈRE, J. A partilha do Sensível: estética e política. Tradução: Mônica Costa Netto. 2. Ed. São Paulo: Editora 34, 2009.

RODRIGUES, J. Testemunhas da Necropolítica: implicações psicossociais dos homicídios juvenis no cotidiano de suas mães. 2019. 171 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Centro de Humanidades, Universidade Federal do Ceará.

SCISLESKI, A. C. C.; HÜNING, S. M. Imagens do escuro: reflexões sobre subjetividades invisíveis. Revista Polis e Psique, v. 6, n. 1, p. 8-27, 2016.