Amizade, Subjetividade e Conceito Fenomenológico de Mundo em Hannah Arendt

Lucidalva Pereira Gonçalves, Almir Ferreira da Silva Júnior, Maria Olília Serra

Resumo


Este trabalho discute a experiência da amizade como fenômeno do mundo comum, baseado na intersubjetividade do diálogo ao viabilizar a produção de subjetividades éticas; estas, caracterizadas pela relação estreita entre a “faculdade do pensamento” e o agir. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de inspiração fenomenológica, fundamentada na teoria política de Hannah Arendt, cuja perspectiva de alcance contempla uma reflexão sobre a dimensão política da Psicologia, ao agir em prol da mundanidade do homem (seu modo de ser-no-mundo). Perpassa, primeiramente, pela gênese do conceito amizade (Philía) e sua relação com a tradição aristotélica-ciceroniana. Em seguida, enfatiza a relação entre o advento da subjetividade e a Era Moderna. Por fim, relaciona a amizade com o conceito fenomenológico de mundo desenvolvido pela filósofa (influenciada por Martin Heidegger) e, em seguida, com a Psicologia Social. Conclui-se que a amizade constrói um modo de ser dialógico ao influenciar a interação e construção do meio social.


Palavras-chave


amizade; subjetividade; mundo comum

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