Violência obstétrica: produção científica de psicólogos sobre o tema

Stella Mari de Souza Colhado Cabral, Deborah Karolina Perez

Resumo


A violência obstétrica é uma problemática contemporânea relativa à assistência ao ciclo gravídico-puerperal. O nascimento enquanto um evento natural e fisiológico foi transformando-se em um evento cirúrgico à medida dos avanços da medicina. Assim, a mulher perdeu sua autonomia e passou a sujeitar-se a intervenções desnecessárias capazes de lhe trazer consequências danosas. A busca pela humanização desse atendimento envolve várias áreas de conhecimento. O objetivo desse estudo é investigar a produção científica sobre violência obstétrica realizada por psicólogos, dados os comprometimentos emocionais que a mesma pode causar. A metodologia utilizada foi uma revisão bibliográfica sistemática. Os resultados demonstraram que a produção científica realizada por psicólogos sobre a violência obstétrica ainda é escassa. Sugere-se que os ambientes acadêmicos e serviços de atenção à mulher estimulem os profissionais de psicologia a produzirem maior número de estudos sobre o assunto, visando melhor compreensão do mesmo para melhor atuação.


Palavras-chave


Assistência ao parto; humanização do parto; violência obstétrica.

Texto completo:

PDF

Referências


AGUIAR, E.M.G.; RODRIGUES, M.S. Violência obstétrica durante o processo de parturição: relato de mulheres de uma unidade de saúde do interior de Minas Gerais. Revista Brasileira Ciências da Vida. Sete Lagoas, v. 5, n. 2, p. 1-29, jul. 2017.

ALMEIDA, M.M. et al. Vivências e saberes das parturientes acerca da violência obstétrica institucional no parto. Revista Eletrônica Acervo Saúde. Campinas, v. 10, n. 1, p. 1466-1472, jan. 2018.

ALMEIDA, U.G. Estudo de caso: violência obstétrica na perspectiva das egressas do programa “Mulheres Mil” em Almenara, Minas Gerais. 2016, 109 f. Dissertação. (Mestrado em Saúde, Sociedade & Ambiente) Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, MG.

ALVES, V.B.O. Percepção de puérperas acerca da violência obstétrica. 2017, 74 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) Faculdade de Enfermagem, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO.

BRASIL. Você sabe o que é violência obstétrica? Brasília: Ministério da Saúde, 2017. Disponível em: . Acesso em: 26 nov. 2018.

BRENES, A.C. História da parturição no Brasil, século XIX. Cadernos de Saúde Pública, v. 7, n. 2, 1991.

CRP-SP. Parceiras do parto humanizado. Jornal Psi. Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, n. 182, fev./mar./abr. 2015.

CRP-SP. Não à violência obstétrica. Jornal Psi. Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, n. 180, set./out./nov. 2014.

CURI, P.L.; BAPTISTA, J.G.B. A medicalização do corpo da mulher e a violência obstétrica. Estudos Contemporâneos da Subjetividade. Campos dos Goytacazes, v. 8, n. 1, p. 123-136, 2018.

DINIZ, C.S.G. Humanização da assistência ao parto no Brasil: os muitos sentidos de um movimento. Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 10, n.3, jul./set. 2005.

DINIZ, S.G. et al. Violência obstétrica como questão de saúde pública no Brasil: origens, definições, tipologia, impactos sobre a saúde materna e propostas para sua prevenção. Periódicos Eletrônicos em Psicologia. São Paulo, v. 25, n. 13, 2015.

FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO. Violência no parto: na hora de fazer não gritou. 2013. Disponível em: . Acesso em: 26 nov. 2018.

MAIA, J.S. et al. A mulher diante da violência obstétrica: consequências psicossociais. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. v. 7, n. 11 p. 54-68. nov. 2018.

MAIA, R.S.; ARAÚJO, T.C.S.; MAIA, E.M.C. Violência obstétrica: apontamentos da produção científica. Revista Portal: Saúde e Sociedade. Maceió, v. 2, n. 3, p. 576-590, 2017.

MALDONADO, M.T.P. Psicologia da gravidez. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 1989.

MARCHIORO, D. Conhecimento de primíparas sobre a violência obstétrica. 2014, 60 f. Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Enfermagem). Universidade Federal da Fronteira do Sul. Chapecó, SC.

MARTINS, A.P.V. A ciência obstétrica. In: MARTINS, A.P.V. Visões do feminino: a medicina da mulher nos séculos XIX e XX. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2004. p. 63-106. Disponível em: . Acesso em: 01 mai. 2018.

MONTICELLI, M. O nascimento como rito de passagem: uma abordagem cultural para o cuidado de enfermagem às mulheres e recém-nascidos. 1994, 260 f. Dissertação (Mestrado em Assistência de Enfermagem). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

MUNIZ, B.M.V.; BARBOSA, R.M. Problematizando o atendimento ao parto: cuidado ou violência? In: Convención Internacional de Salud Pública, Cuba Salud, 2012.

OLIVEIRA, V.J.; PENNA, C.M.M. O discurso da violência obstétrica na voz das mulheres e dos profissionais de saúde. Texto & Contexto Enfermagem. Florianópolis, v. 26, n. 2, p. 1-10, 2017.

ONU-BRASIL. UNICEF alerta para elevado número de cesarianas no Brasil. Rio de Janeiro: Organização das Nações Unidas no Brasil, 2017. Disponível em: . Acesso em: 26 nov. 2018.

OMS. Prevenção e eliminação de abusos, desrespeito e maus-tratos durante o parto em instituições de saúde. Genebra: Organização Mundial de Saúde, 2014. Disponível em: . Acesso em: 26 nov. 2018.

PESSOA, L.M. et al. Conhecimento de puérpera acerca da violência obstétrica. Temas em Saúde. João Pessoa, v. 17, n. 3, p. 89-111, 2017.

PETER, A.P.C. et al. O cuidado cultural no processo de ser e viver da mulher, recém-nascido e família que vivenciam o parto, no domicílio e no hospital, com ênfase no contexto domiciliar: abrindo novos caminhos para a enfermagem. 2005. 135 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem) Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

PINTO, T.S. Violência obstétrica: como identificar? 2017, 27 f. Trabalho de conclusão de curso. (Graduação em Enfermagem) União Metropolitana para o Desenvolvimento da Educação e Cultura, Faculdade de Ciências Agrárias e da Saúde, Lauro de Freitas, BA.

RATTNER, D. Humanização na atenção a nascimentos e partos: breve referencial teórico. Interface – Comunicação, Saúde, Educação. São Paulo, v.13, n. 1, p. 595-602, 2009.

REGIS, J.F.S.; RESENDE, V.M. “Daí você nasceu minha filha”: análise discursiva crítica de uma carta ao obstetra. Revista de Documentação de Estudos em Línguistica Teórica e Aplicada. São Paulo, v. 31, n. 2, p. 573-602. 2015.

RIBEIRO, A.E.M. O conceito de violência. In: RIBEIRO, A.E.M. Crime, ordem e violência em São Paulo: a percepção do nível de violência urbana no município de Assis. Curitiba: CRV, 2014.

ROCHA, M.J.; GRISI, E.P. Violência obstétrica e suas influências na vida de mulheres que vivenciaram essa realidade. Id on line: revista multidisciplinar e de psicologia. v. 11, n. 38, p. 623-635. 2017.

SÃO PAULO. Cartilha de violência obstétrica. Texto do Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher e Associação Artemis. São Paulo: Defensoria Pública, 2013.

SILVA, F.M.; SILVA, M.L.; ARAÚJO, F.N.F. Sentimentos causados pela violência obstétrica em mulheres de município do nordeste brasileiro. Revista Prevenção de Infecção e Saúde. v. 3, n. 4, p. 25-34. 2017.

SOUZA, A.B. et al. Fatores associados à ocorrência de violência obstétrica institucional: uma revisão integrativa da literatura. Revista de Ciências Médicas. Campinas, v. 25, n. 3, p. 115-128, set./dez. 2016.

SOUZA, A.C.A.; VALENTE, M.B.B. Violência obstétrica: um desafio para a psicologia. Revista Hum@nae. Recife, v. 10, n. 1, p. 1-11, 2016.

VENDRÚSCOLO, C.T.; KRUEL, C.S. A história do parto: do domicílio ao hospital; das parteiras ao médico; de sujeito a objeto. Disciplinarum Scientia. Série: Ciências Humanas. Santa Maria, v. 16, n. 1, p. 95-107, 2015.

WOLFF, L.R.; MOURA, M.A.P. A institucionalização do parto e a humanização da assistência: revisão de literatura. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem. Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, p. 279-285, ago. 2004.

WOLFF, L.R.; WALDOW, V.R. Violência consentida: mulheres em trabalho de parto e parto. Saúde e Sociedade. São Paulo, v. 17, n. 3, p. 138-151, 2008.

ZORZAM, B.A.O. Informação e escolhas no parto: perspectivas das mulheres usuárias do SUS e da saúde suplementar. 2013, 225 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.